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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Vazamento de petróleo é declarado ¨catástrofe nacional¨ pelos EUA





O governo dos Estados Unidos declarou nesta quinta o vazamento de petróleo no Golfo do México, frente a costa da Louisiana, uma "catástrofe nacional" no que ameaça ser um dos maiores desastres ecológicos da história do país.

A secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, disse em entrevista coletiva que decretar o estado de "catástrofe nacional" permite ao Governo mobilizar mais recursos para fazer frente ao vazamento.

"Usaremos todos os ativos disponíveis" para enfrentar, disse a secretária, diante do prognóstico de que a mancha de petróleo poderá chegar às restingas da Louisiana na sexta-feira.

A alta funcionária disse que Bristish Petroleum (BP), proprietária da plataforma petrolífera que explodiu e afundou em 20 de abril, "é responsável pelos custos que envolvem as tarefas de limpeza" da mancha de óleo.

Os responsáveis pelo serviço da Guarda Costeira indicaram na entrevista coletiva, no entanto, que a multinacional britânica está pondo todos os meios para frear o desastre ecológico no Golfo do México.

"Estamos preparados para o pior dos cenários", disse na mesma entrevista Sally Brice O'Hare, contra-almirante da Guarda Costeira, quem insistiu que estão trabalhando contra o relógio para evitar que esta catástrofe "se transforme em outro Exxon Valdez", o petroleiro que derramou milhões de toneladas de petróleo no Alasca em 1989.

O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, indicou que o presidente Barack Obama ordenou a mobilização de mais recursos para enfrentar "de maneira agressiva" o vazamento.

5 mil barris/dia
Um executivo da petroleira BP concordou nesta quinta-feira com as estimativas do governo americano quanto ao vazamento de petróleo que criou uma maré negra no Golfo do México, que pode ser de mais de 5 mil barris/dia (800 mil l), muito mais que o previsto.

Na véspera, a Guarda Costeira dos Estados Unidos afirmou que ao menos 5 mil barris de petróleo estão vazando diariamente no Golfo do México. "Descobriram um novo ponto de vazamento", assinalou o oficial Erik Swanson à AFP. Isto equivale a "5 mil barris diários".

Queima controlada
Equipes de emergência iniciaram na quarta-feira a queima controlada da gigantesca mancha de petróleo provocada pela explosão de uma plataforma no Golfo do México, diante da ameaça de o óleo chegar à costa da Louisiana.

"É incendiada com uma pequena boia que se desloca pela mancha e a inflama. A queima ocorre satisfatoriamente", disse o oficial da Guarda Costeira Cory Mendenhall sobre a operação para paliar os efeitos do vazamento provocado pelo afundamento da plataforma petroleira diante da costa americana, na quinta-feira passada.

A drástica decisão de atear fogo à maré negra foi adotada após a mancha chegar a cerca de 40 km dos pântanos de Louisiana, hábitat de diversas espécies.

Uma frota de barcos da Guarda Costeira e da companhia britânica de petróleo BP empurrava as partes mais densas da mancha para uma barreira flutuante resistente ao fogo.

"O plano é queimar, de forma restrita e controlada, milhares de galões de petróleo, e cada operação dever durar cerca de uma hora", explicaram as autoridades e a BP.

Previsão
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) americana advertiu que os fortes ventos de sudeste previstos para os próximos dias poderão empurrar a maré negra para os pântanos da Louisiana.

A plataforma Deepwater Horizon, operada pela BP, afundou na quinta-feira passada 240 km a sudeste de Nova Orleans, dois dias depois de uma explosão que causou a morte de 11 trabalhadores.

A queima da mancha de petróleo para proteger a costa provocará seus próprios problemas ambientais, criando enormes nuvens de fumaça tóxica e deixando resíduos no mar.

Na terça-feira, fracassaram as tentativas de fechar dois focos de vazamento no oleoduto ligado à plataforma, realizadas por quatro submarinos robotizados a 1.500 m de profundidade.

Por outro lado, o governador da Louisiana, Bobby Jindal, solicitou ajuda federal de emergência para proteger a costa, levando em conta as informações segundo as quais parte da mancha chegará ao litoral do Estado antes do previsto, ameaçando o frágil ecossistema com uma catástrofe de grandes proporções.

Uma parte da camada de petróleo, que tem 965 km de circunferência, se separou do resto e poderá alcançar diretamente nesta quinta-feira uma reserva natural no litoral devido aos fontes ventos na zona, disse Jindal citando informes da NOAA.

"Nossa prioridade absoluta é proteger nossos cidadãos e ambiente. Esses meios pedidos são primordicais para atenuar o impacto da mare negra sobre nossas costas", afirmou.

Duas barreiras flutuantes foram instaladas para cobrir 20 milhas náuticas frente ao litoral da Louisiana numa tentativa de conter o petróleo. Mas, segundo o governador, são insuficientes e será preciso instalar outras mais.

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