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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ibama concede licença de instalação para início das obras de Belo Monte



O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou nesta quarta-feira (1º) que concedeu a licença de instalação para o início das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará.

Com a licença de instalação, a obra da usina pode começar. Antes, o Ibama já havia concedido a licença parcial de instalação, para o início do canteiro de obras.

Segundo o Ibama, o licenciamento foi marcardo por "robusta análise técnica e resultou na incorporação de ganhos socioambientais. Entre eles, a garantia de vazões na Volta Grande do Xingu suficientes para a manutenção dos ecossistemas e dos modos de vida das populações ribeirinhas".

A possibilidade de seca na Volta Grande do Rio era uma das principais críticas da comunidade indígena local, biólogos e ambientalistas.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, havia afirmado na semana passada que a licença deveria ser publicada a qualquer momento e criticou organizações que se colocam contra o projeto do governo federal. “Deveríamos ter orgulho na nossa matriz energética limpa, mas o Congresso Nacional passou a ouvir aqueles que são contra a usina”, disse Lobão na ocasião.

De acordo com nota divulgada pelo Ibama nesta quarta, a licença de instalação prevê que seja construído apenas um canal de derivação, o que reduz o volume de terra que precisará ser escavada na região, reduzindo o impacto ambiental da obra. O Ibama afirma também que houve ganho com "implementação de ações em saúde, educação, saneamento e segurança pública firmadas em Termos de Compromisso entre a Nesa (o consórcio Norte Energia), prefeituras e governo do Estado do Pará."

Conforme o Ibama, o consórcio Norte Energia terá de investir cerca de R$ 100 milhões em unidades de conservação na bacia do rio Xingu para compensação ambiental.


No começo de março tiveram início as obras de acesso ao local onde será construída a usina pela Norte Energia, consórcio de empresas que reúne estatais e construtoras. Quando a licença parcial para o canteiro foi concedida, o Ministério Público Federal no Pará chegou a conseguir uma liminar para suspender a licença, mas a Advocacia Geral da União (AGU) conseguiu reverter a decisão.

O Ibama diz ainda que "manterá uma equipe técnica exclusiva para acompanhar a instalação de Belo Monte e avaliar o cumprimento das condicionantes". As condicionantes foram 40 ações e medidas que teriam que ser tomadas para redução dos impactos socioambientais. Foram as condições do Ibama para concessão da licença prévia, que possibilitou o leilão da usina.

O instituto também afirmou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) acompanhou os programas no que se refere à população indígena antes de o Ibama conceder a licença de instalação.

Após a conclusão da obra, o Ibama ainda precisará conceder a licença de operação para que a usina passe, definitivamente, a produzir energia.

Obra polêmica
A hidrelétrica de Belo Monte é uma das maiores obras de infraestrutura previstas pelo governo federal e também um dos projetos que enfrenta maior resistência.

Enquanto o governo diz que a obra é necessária para garantir o abastecimento de energia elétrica nos próximos anos para o país, moradores locais, entidades e especialistas destacam que os riscos ambientais e sociais podem ser mais prejudiciais do que os benefícios econômicos da obra.

A hidrelétrica ocupará parte da área de cinco municípios do Pará: Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. Altamira é a mais desenvolvida e tem a maior população dentre essas cidades, com 98 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os demais municípios têm entre 10 mil e 20 mil habitantes.

A região discute há mais de 30 anos a instalação da hidrelétrica no Rio Xingu, mas teve a certeza de que o início da obra se aproximava após a concessão em fevereiro do ano passado, pelo Ibama, da licença ambiental com as 40 condicionantes.


Belo Monte será a segunda maior usina do Brasil, atrás apenas da binacional Itaipu, e custará pelo menos R$ 19 bilhões, segundo o governo federal - há especulações de que a obra custe até R$ 30 bilhões. A usina está prevista para começar a operar em 2015.

Apesar de ter capacidade para gerar 11,2 mil MW de energia, Belo Monte não deve operar com essa potência. Segundo o governo, a potência máxima só pode ser obtida em tempo de cheia. Na seca, a geração pode ficar abaixo de mil MW. A energia média assegurada é de 4,5 mil MW. Para críticos da obra, o custo-benefício não compensa.

Fonte: http://g1.globo.com

Mais uma perda inestimável para a natureza e o mais revoltante é que um órgão que deveria defendê-la e protegê-la simplesmente ajuda, pois assim como qualquer outro órgão governamental está a serviço dos "mafiosos eleitos"

terça-feira, 31 de maio de 2011

Baleia cachalote morre encalhada em praia da Inglaterra



Bombeiros tentaram socorrer mamífero, que morreu nesta terça-feira (31).Espécie pode alcançar até 20 metros de comprimento.

Uma baleia da espécie cachalote morreu na manhã desta terça-feira (31), após encalhar na praia de Redcar, em Cleveland, na Inglaterra.

O mamífero estava vivo quando que foi avistado por moradores. Equipes do Corpo de Bombeiros local usaram jatos de água no animal, na tentativa de mantê-lo com vida até o desencalhe.

A informação da morte foi confirmada por representante da Brigada de Incêndio de Cleveland. A espécie pode alcançar até 20 metros de comprimento, segundo cientistas.

Produto 'biodegradável' é vilão se descartado de forma errada, diz artigo

Decomposição de copos descartáveis e outros utensílios libera metano. Descarte em aterros sem tratamento contribui para emissão de poluentes.

Cientistas da Universidade Estadual da Carolina do Norte, dos Estados Unidos, divulgaram pesquisa nesta terça-feira (31) apontando que o descarte inadequado de produtos chamados ‘biodegradáveis’ pode ser prejudicial ao meio ambiente.

A justificativa é que a decomposição de copos descartáveis e outros utensílios com esta denominação libera gás metano, causador do efeito estufa. A preocupação dos pesquisadores é que se este tipo de lixo for colocado em aterros sanitários que não capturam ou queimam o gás, o metano será liberado para a atmosfera e poderá contribuir para as emissões de poluentes.

“O metano pode ser uma valiosa fonte de energia quando capturado, mas é um gás de efeito estufa se lançado na atmosfera”, afirmou Morton Barlaz, co-autor da pesquisa e professor da universidade. “Em outras palavras, os produtos biodegradáveis podem não respeitar tanto o meio ambiente quando descartado em aterros inadequados”, complementou.

Segundo a Agência de Proteção Ambiental norte-americana, 35% dos resíduos sólidos urbanos do país vão para locais que capturam o metano e o transformam em energia.Outros 34% vão para aterros que queimam o gás (usinas de biogás). Entretanto, 31% do lixo urbano dos Estados Unidos vai para ambientes sem tratamento e que permitem liberar o gás de efeito estufa na atmosfera.

O alerta sobre o assunto foi dado também porque os produtos ‘biodegradáveis’ sofrem processo rápido de decomposição. De acordo com a pesquisa, ‘se os materiais degradam e liberam metano rapidamente, significaria menos combustível potencial para uso de energia e mais emissões de gases de efeito estufa'.

“Se queremos maximizar os benefícios ambientais dos produtos biodegradáveis em aterro, nós precisamos ampliar a coleta do metano e modificar o design desses produtos para que eles se decomponham mais lentamente”, disse.

Fonte: g1.globo.com

OMS classifica celular como possível causa de câncer cerebral



A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc) vincularam nesta terça-feira que o uso de celulares pode causar câncer cerebral em seres humanos. De forma conjunta, as organizações anunciaram em Lyon (sudeste da França) que os campos eletromagnéticos gerados pelas radiofrequências desse tipo de dispositivos são considerados "possivelmente cancerígenos para os humanos".

A OMS e a Iarc basearam a decisão dessa classificação nas evidências obtidas sobre o impacto desses campos eletromagnéticos na origem dos gliomas, um tipo maligno de câncer cerebral. Embora não tenham quantificado o risco, o grupo de trabalho OMS-Iarc referiu-se que o estudo, com dados de até 2004, detectou aumento de 40% no risco de gliomas entre os usuários mais frequentes de celulares, ou seja, os que utilizam em média 30 minutos por dia em um período de dez anos.

O estudo ressalta, no entanto, que as evidências do risco de glioma e de neurinoma acústico são "limitadas" para os usuários de celulares, o que significa que há uma "associação positiva" crível entre a exposição ao agente e o câncer, mas que não é possível excluir outros fatores no desenvolvimento deste.

O responsável pelo grupo de trabalho constituído pela OMS e a Iarc, Jonathan Samet, da University of Southern Califórnia, declarou que as provas reunidas até agora "são suficientemente sólidas (...) para a classificação do tipo '2B'". Esta categoria é uma das que a Iarc utiliza para identificar os fatores ambientais que podem aumentar o risco de câncer em seres humanos e entre os quais estão substâncias químicas, exposições trabalhistas e agentes físicos e biológicos, entre outros.

Desde 1971, a Iarc analisou mais de 900 agentes, dos quais 400 foram identificados como cancerígenos ou potencialmente cancerígenos para os seres humanos. O grupo "2B" inclui os agentes com "evidência limitada de carcinogênese em humanos" e o "2A" aqueles que são "provavelmente cancerígenos" para os humanos.

No primeiro grupo, o "1", a Iarc inclui os agentes com "evidências suficientes" que são cancerígenos para os seres humanos. A conclusão do grupo de trabalho em Lyon é que "poderia haver algum risco e que, portanto, temos de vigiar de perto o vínculo entre os celulares e o risco de câncer", acrescentou Samet.

Christopher Wild, diretor da Iarc, acrescentou que, "dadas às potenciais consequências destes resultados e desta classificação para a saúde pública, é importante que se investigue mais a longo prazo o uso intensivo de celulares".

"Faltando essa informação, é importante tomar medidas pragmáticas para reduzir a exposição a equipamentos como os fones de ouvido para celulares", acrescentou Wild.

Fonte: www.terra.com.br

Argentina lança satélite para medir salinidade dos oceanos



O satélite argentino SAC-D Aquarius, equipado para medir a salinidade dos oceanos, será lançado em 9 de junho pela agência espacial americana (Nasa), de uma base da Califórnia, informou nesta terça-feira, em Buenos Aires, o diretor-executivo do projeto.

"Em 9 de junho será lançado pela Nasa, sócio principal do projeto, o satélite argentino SAC-D Aquarius, da base Vanderberg, na Califórnia, da Força Aérea americana", disse durante entrevista coletiva Conrado Baroto, diretor-executivo da estatal Comissão Nacional de Atividades Espaciais (Conae), responsável pelo projeto.

Duzentas pessoas trabalharam na etapa mais ativa do projeto, iniciada em 2009, cujo investimento somou 320 milhões de dólares, dos quais US$ 260 milhões foram pagos pela Nasa e os R$ 60 milhões restantes, pela Argentina, afirmou Baroto.

Sandra Torrusio, principal cientista da iniciativa, disse que a estação, que ficará em órbita durante cinco anos a 657 km da Terra, terá como missão principal estimar a salinidade dos mares através de instrumentos tecnológicos de última geração.

"Isto dará à comunidade científica um aporte sem precedentes para a elaboração de modelos climáticos a longo prazo", disse Torrusio. O desenvolvimento do SAC-D Aquarius, definido como um observatório espacial para oceano, clima e meio ambiente, terá aportes das agências espaciais de Itália, França, Canadá e Brasil, embora o parceiro principal do projeto seja a Nasa, que fornecerá o lançador do satélite.

O satélite será equipado para medir perfis de temperatura, pressão e umidade atmosférica, e contará com uma câmera infravermelha de nova tecnologia para monitoração de fogos e vulcões, entre outras funções, explicou a organização argentina.

O SAC-D foi submetido, em 2010, a uma série de exames no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) do Brasil antes de ser levado aos Estados Unidos.

Fonte: www.terra.com.br

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Bactéria letal mata pelo menos 10 pessoas e afeta outras 300 na Alemanha



Foto:Assistente médica colhe amostras de vegetais possivelmente contaminados (Foto: AFP)

Autoridades de saúde da Alemanha afirmam que pelo menos dez pessoas já morreram e outras 300 estão sendo tratadas no país devido à infecção por um tipo letal da bactéria E. Coli.

O governo suspeita que pepinos orgânicos importados da Espanha e contaminados com a bactéria possam ser a causa da epidemia.

De acordo com o correspondente da BBC Mark Lobel, este tipo de contaminação é a maior já registrada na Alemanha e uma das maiores em todo o mundo, de acordo com especialistas suecos em controle de doenças.

A maior parte das mortes, causadas pela ingestão de alimentos contaminados, ocorreu na cidade de Hamburgo, no norte do país.

O tipo de bactéria registrado na Alemanha é o E. Coli enterohemorrágico (EHEC), que causa diarreia com sangramento e pode levar à insuficiência renal.

Lobel diz que, diferentemente da maioria dos casos da doença, que afeta em geral crianças de até cinco anos de idade, quase todos os infectados na Alemanha são adultos, em sua maioria mulheres.

Segundo o correspondente da BBC, pessoas originárias da Alemanha já apareceram doentes em países como Suécia, Dinamarca, Holanda e Grã-Bretanha.

Especialistas em saúde do governo alemão estão recomendando à população do norte do país que não consuma tomates, pepinos ou alface crus.

'Também é possível que haja infecções secundárias durante esta epidemia', disse à BBC a cientista da Universidade de Munster, Helge Karch. 'Estas novas infecções se espalham de pessoa para pessoa, mas podem ser evitadas', afirmou.

'Por isto, precisamos fazer todo o possível para assegurar que a higiene pessoal das pessoas seja aprimorada.'

Outros países
As autoridades alertaram que os pepinos possivelmente infectados podem ter sido enviados para República Checa, Áustria, Hungria e Luxemburgo.

De acordo com Lobel, restrições foram impostas sobre dois exportadores de pepinos espanhóis, embora não se saiba se a infecção ocorreu na Espanha, durante a viagem dos produtos ou na chegada dos alimentos à Alemanha.

O grupo de bactérias Escherichia coli (abreviada como E. Coli) é grande e diversificado, formado em sua maioria por cepas inofensivas. No entanto, alguns tipos de E. Coli podem causar diarreia, infecções urinárias, doenças respiratórias e pneumonia.


Fonte:g1.globo.com

Emissões de CO2 atingiram nível recorde em 2010, diz AIE



As emissões internacionais de gases responsáveis pelo efeito estufa bateram um recorde histórico no ano passado, colocando em dúvida o cumprimento da meta de limitar o aquecimento global em menos de 2 graus, segundo informações divulgadas nesta segunda-feira pela Agência Internacional de Energia (AIE).

Segundo a agência, as emissões de dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito estufa, cresceram 5% no ano passado em relação ao recorde anterior, em 2008. Em 2009, as emissões haviam caído graças à crise financeira global, que reduziu a atividade econômica internacional.

A agência estimou ainda que 80% das emissões projetadas para 2020 no setor de energia já estão comprometidas, por virem de usinas elétricas atualmente instaladas ou em construção.

"O significativo aumento das emissões de CO2 e o comprometimento das emissões futuras por conta de investimentos de infraestrutura representam um grave revés para nossas esperanças de limitar o aumento global da temperatura para não mais de 2 graus Celsius", afirmou Faith Birol, economista-chefe da AIE e responsável pelo relatório anual da entidade World Energy Outlook.

Limite
A meta de limitar o aumento global das temperaturas médias em 2 graus foi estabelecida durante a conferência da ONU sobre mudanças climáticas realizada no ano passado em Cancún.

O limite foi estabelecido de acordo com um relatório técnico que indicava que se a temperatura global aumentar mais que 2 graus as consequências podem ser irreversíveis e devastadoras.

Segundo os cálculos da AIE, a quantidade de CO2 emitida no mundo atingiu 30,6 gigatoneladas no ano passado, um aumento de 1,6 gigatoneladas em relação ao ano anterior.

A AIE estimou que para limitar o aquecimento dentro dos limites aceitáveis, as emissões globais não devem ultrapassar as 32 gigatoneladas até 2020. Se o crescimento das emissões neste ano igualar o do ano passado, esse limite já terá sido ultrapassado, nove anos antes do prazo.

"O mundo chegou incrivelmente perto do limite de emissões que não deveriam ser alcançadas até 2020 para a meta de 2 graus ser atingida. Dada a redução do espaço para manobras até 2020, ao menos que decisões fortes e decisivas sejam tomadas logo, será extremamente difícil conseguir alcançar a meta global acertada em Cancún", diz Birol.

Segundo a AIE, os países considerados desenvolvidos foram responsáveis por 40% das emissões totais em 2010, mas responderam por apenas 25% do crescimento global das emissões.

Países em desenvolvimento, principalmente China e Índia, registraram um aumento muito maior de suas emissões, acompanhando seu crescimento econômico acelerado.

Quando consideradas as emissões per capita, porém, os países desenvolvidos tiveram uma emissão média de 10 toneladas por pessoa, enquanto na China foram 5,8 toneladas per capita e, na Índia, 1,5 toneladas.

Fonte: Terra

domingo, 29 de maio de 2011

Participando do Blog Biologia (BIO= Vida + LOGIA= Estudo)


Se você tem uma noticia,curiosidade, etc. relacionada com a biologia me envie através do e-mail: contatobiomar@hotmail.com
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Queimando etapas

Mais um passo é dado no campo da medicina regenerativa: pesquisadores criam neurônios humanos a partir da pele, sem a necessidade de usar células-tronco ou induzir o tecido à pluripotência. O biólogo Stevens Rehen comenta o feito em sua coluna de maio.


Imagem:Pesquisadores conseguem transformar células humanas da pele diretamente em neurônios. Apesar do sucesso, a técnica ainda precisa ser replicada e validada pela comunidade científica (imagem: jscreationzs/ FreeDigitalPhotos – montagem: Sofia Moutinho)

A estimativa atual é de que existam pelo menos 23 mil genes dentro do núcleo de cada célula de nosso corpo, mas, para converter uma dessas células num neurônio, são necessários somente quatro desses genes. Simples assim. É o que descreve o artigo da equipe de Marius Wernig, da Universidade de Stanford, publicado nesta semana na revista científica Nature.

Há quatro anos, no Japão, Shynia Yamanaka transformou fibroblastos da pele em células-tronco de pluripotência induzida (iPS, na sigla em inglês), equivalentes a células-tronco embrionárias. Como já discutido anteriormente nesta coluna, foi uma revolução.

A partir dessa técnica, hoje em dia qualquer laboratório do mundo com treinamento e equipamentos adequados é capaz de conceber uma fábrica de produção dos mais variados tipos celulares humanos a partir de uma pequena biópsia de pele.

O trabalho de Stanford é inspirado no esforço original do grupo do Japão, mas tem mérito para subverter positivamente o campo, como tentarei mostrar aqui.

Primeiros testes
Dentre os diversos tipos celulares gerados a partir das iPS, neurônios estão entre os mais complexos. Até então, para se obter neurônios a partir da pele, era preciso primeiro reprogramar fibroblastos em iPS para, num segundo momento, transformar as iPS em neurônios. O processo todo demora em média três meses e exige gastos altíssimos com meio de cultura e outros reagentes.

Há pouco mais de um ano, a equipe liderada por Marius Wernig, conseguiu converter fibroblastos da pele de camundongos diretamente em neurônios. Como que por um atalho inesperado, sem a necessidade de passar pela etapa de pluripotência induzida.

Mas como são muitas as diferenças no controle de expressão gênica entre camundongos e seres humanos, converter pele de camundongo em neurônio de camundongo não é garantia para o sucesso da técnica em células humanas. Como diria Gerson, o ex-jogador e comentarista de futebol, “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.

Nesse novo trabalho, os pesquisadores de Stanford primeiramente testaram se o mesmo coquetel de genes “neurogênicos” aplicado nas células de camundongo também transformaria células-tronco embrionárias humanas em neurônios.

Usaram, nesse processo, um vírus como cavalo de Troia para carregar para o interior dessas células uma combinação de genes batizada de tratamento BAM (sigla composta pelas iniciais de cada um dos genes – Brn2, Ascl1 e Mytl1).

Como as células-tronco embrionárias são sabidamente capazes de se transformar em neurônios – dependendo apenas de um estímulo adequado –, se a técnica não funcionasse com essas células, provavelmente não funcionaria com nenhuma outra.

Três dias após a infecção, neurônios jovens começaram a surgir na placa de cultura. Após oito dias, essas células passaram a apresentar morfologia mais complexa e a produzir proteínas típicas de neurônios funcionais. Os neurônios formados conseguiam inclusive se comunicar entre si.

Prova dos nove
Mas a prova dos nove viria somente com células da pele de seres humanos. Será que a introdução de três genes específicos no interior de fibroblastos humanos os transformariam em neurônios?

A princípio, o grupo testou o método em fibroblastos fetais, já que outros trabalhos científicos haviam demonstrado ser mais fácil (ou menos difícil) reprogramar essas células. Uma semana após a infecção com a combinação BAM, surgiram os primeiros neurônios. Apresentavam a morfologia típica de células do cérebro de seres humanos, mas eram muito imaturos.

Naquele momento, a conclusão dos cientistas era de que, diferentemente do que acontecera com as células de camundongos, três genes não seriam suficientes para criar cérebro humano a partir da pele. No máximo, obtinham-se precursores neuronais, mas não neurônios propriamente ditos.

Diante desses resultados, a equipe de Wernig resolveu testar outros 20 genes para incrementar o efeito do tratamento BAM. Descobriram, então, que NeuroD1, um fator de transcrição com grande importância para a formação de neurônios, quando combinado ao tratamento BAM, triplicava a eficácia da conversão pele-cérebro.


Imagem: Pesquisadores testaram o novo método em fibroblastos de fetos humanos com a combinação usual de três genes (BAM) e com um gene adicional. No tratamento com quatro genes, a eficiência na conversão pele-cérebro triplicou. (Wernig et al/ Nature)

Após duas semanas, essa combinação, agora conhecida como BAMN, convertia fibroblastos em neurônios com morfologia típica e que produziam diversas proteínas do cérebro humano. Um mês depois, essas células se tornavam praticamente idênticas a neurônios funcionais.

Estaria o fenômeno de conversão em neurônios humanos restrito a fibroblastos fetais, muito imaturos e sabidamente mais fáceis de responder a esse tipo de manipulação genética?

Para obter a resposta, a equipe decidiu repetir o procedimento com fibroblastos mais maduros, obtidos do prepúcio de recém-nascidos circuncidados. Novamente conseguiram transformar as células da pele em neurônios funcionais. Para finalizar, repetiram o feito com fibroblastos de uma criança de 11 anos.

Enquanto 20% dos fibroblastos de camundongos eram convertidos em neurônios com a aplicação da técnica, o mesmo acontecia somente com 3% de seus corolários humanos. Além disso, a falta de demonstração da eficácia do método em fibroblastos realmente adultos (não de fetos, recém-nascidos ou uma criança), indicava que havia um obstáculo a ser superado.

É preciso replicar
Se não for possível produzir neurônios a partir da pele de jovens, adultos e principalmente idosos, pouco se aproveitará da técnica.

Tão importante quanto, é confirmar se os neurônios gerados a partir da pele são mais “seguros” do que células embrionárias ou reprogramadas. Um ensaio experimental simples poderia evidenciar a possibilidade (ou não) de formação de teratomas por essas células.

Cabe aqui registrar que, após um ano, nenhum outro grupo de pesquisa conseguiu repetir o feito da conversão de fibroblastos de camundongos em neurônios.

A equipe californiana está, portanto, diante de mais uma provação. Se nenhum outro cientista conseguir transformar fibroblastos humanos em neurônios, o procedimento pouco irá contribuir para o desenvolvimento dessa área de pesquisa.


Imagem:As células-tronco (na foto) são consideradas protagonistas da medicina regenerativa. Novo estudo, porém, sugere que nem sempre elas são necessárias para se chegar à célula desejada, trazendo novas perspectivas para a área. (imagem: Nissim Benvenisty/ CC BY 2.5)

Independentemente disso, o trabalho é fascinante. A partir da combinação de quatro genes, em pouco mais de um mês, foi possível transformar fibroblastos humanos em neurônios funcionais.

O mais impressionante, na minha opinião, é constatar que apenas 0,02% do genoma humano é suficiente para promover essa conversão. Mal comparando, seria o equivalente a transformar uma bicicleta num carro de Fórmula 1 com uma chave de fenda e meia dúzia de parafusos.

De uma forma bastante simples, reduziu-se a necessidade de se criar iPS para gerar neurônios. A conversão direta pele-cérebro reduz custos, tempo e torna mais fácil a obtenção de tecido cerebral de pacientes específicos no laboratório.

Novas perspectivas para a medicina regenerativa acabam de surgir.

Stevens Rehen
Instituto de Ciências Biomédicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Fonte:http://cienciahoje.uol.com.br