Páginas

sábado, 23 de julho de 2011

Qual será o impacto ecológico da usina Belo Monte (PA)?





Desmatamento, seca e alagamento. O projeto de Belo Monte, que prevê a barragem do rio Xingu, é um dos maiores empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As obras começaram em março, mas a intenção de construí-la é antiga: o projeto é da década de 1980 e, desde então, é marcado por protestos que tentam barrar sua construção

Enquanto o governo afirma que ela é essencial para garantir o fornecimento de energia para o país, ambientalistas denunciam enormes impactos socioambientais. Entre os argumentos estão o desmatamento da Amazônia e o desalojamento de mais de 20 mil pessoas. Quando estiver pronta - previsão para 2015 -, será a terceira maior hidrelétrica do mundo, só perdendo para a chinesa Três Gargantas e para a brasileiro-paraguaia Itaipu.

PANDORA AMAZÔNICA
Os protestos contra a construção de Belo Monte contam com o apoio de James Cameron (Titanic e Avatar), que disse ter intenção de filmar um documentário sobre a usina

AOS TRANCOS E BARRANCOS - Os dois lados de Belo Monte: o projeto da usina e os impactos ambientais na região

O projeto da usina: em obras
Com cinco pontos de construção, a usina terá um reservatório principal, um canal de derivação, um vertedouro complementar e uma casa de força. Com as obras, serão criados cerca de 40 mil empregos diretos e indiretos

Impacto: sem floresta
Além da destruição da floresta associada à construção da usina, ecologistas temem que a ocupação desordenada das áreas do entorno de Belo Monte, incentivada pela chegada de migrantes e pela construção de vilas, intensifique ainda mais o desmatamento

O projeto da usina: reservatórios
A hidrelétrica terá dois lagos: os reservatórios do Xingu e dos Canais. Com a construção da barragem principal, a calha do rio será alargada. A partir do bloqueio, as águas serão desviadas para um canal
Impactos: efeito inverso
A barragem do rio Xingu causará a inundação constante dos igarapés de Altamira - e não sazonal, como de costume. Com o bloqueio do rio, um trecho de 100 km terá a vazão reduzida e pode até secar

O projeto da usina: canal de derivação
Com 130 m de largura, 20 km de extensão e 27 m de profundidade, o canal vai alterar o leito original do rio. Sua função é levar a água para a casa de força principal, onde ficam as turbinas da usina

Impactos: tchau, árvores
Segundo a ONG Conservação Internacional, nas escavações para a construção do canal serão removidos 100 milhões de m3 de material - que encheriam 40 mil piscinas olímpicas

O projeto da usina: Força total
Com 130 m de largura, 20 km de extensão e 27 m de profundidade, o canal vai alterar o leito original do rio. Sua função é levar a água para a casa de força principal, onde ficam as turbinas da usina O coração da usina irá gerar 11 mil MW - suficiente para abastecer duas cidades como São Paulo todos os dias. Uma casa de força complementar, no reservatório do Xingu, terá potência de 233 MW

Impactos: Baixa eficiência
A usina não poderá operar a todo vapor durante o ano. No período de estiagem (seis meses), ela deverá gerar, em média, 4.428 MW - contra os 11.233 MW do projeto original

• Em torno de 13 mil índios de 24 grupos étnicos que vivem às margens do Xingu terão a pesca e a navegação prejudicadas
• Enfileiradas, as piscinas atingiriam o comprimento de 2 mil km - distância equivalente a ir e voltar de São Paulo a Porto Alegre
• Em capacidade, a hidrelétrica só perderá para Itaipu, que tem 14 mil MW

Fontes - Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da Usina de Belo Monte; Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energia do Greenpeace; Painel de Especialistas: Análise do Estudo de Impacto Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte; Norte Energia; www.blogbelomonte.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário